Atleta, preparador físico e finalmente treinador de times e seleções de futebol. Ao longo de sua carreira, o técnico Vadão esteve envolvido com o esporte — uma área geralmente associada ao cuidado com a saúde. No entanto, as vitórias no gramado não foram suficientes para vencer um adversário ainda mais perigoso: o câncer no fígado.
Longe de ser um caso isolado, o treinador faz parte de um grupo de mais de 9 mil mortos por hepatocarcinoma a cada ano, só no Brasil. O câncer de fígado é o sexto que mais mata no país. Para não fazer parte dessa estatística, é fundamental mudar hábitos e eliminar os fatores que levam ao desenvolvimento desse tumor tão agressivo.
Quer saber como prevenir o câncer de fígado? Então, continue a leitura!
O que é um hepatocarcinoma?
O hepatocarcinoma é um câncer de fígado extremamente agressivo. Em média, a massa tumoral dobra de volume a cada quatro meses. Como a doença evolui rapidamente, a maioria dos pacientes só recebe o diagnóstico quando o tumor se encontra em estágio avançado.
O hepatocarcinoma, também conhecido como carcinoma hepatocelular, é o mais comum. Ele ocorre em mais de 80% dos casos. No entanto, também existem o colangiocarcinoma, que afeta ductos biliares do fígado e o angiossarcoma, que atinge os vasos sanguíneos. Crianças podem ter o hepatoblastoma.
Enquanto o câncer no fígado está localizado apenas nesse órgão, a probabilidade de uma pessoa sobreviver por cinco anos é de 31%. Se o tumor já atingiu órgãos próximos ou se disseminou em linfonodos, essa expectativa cai para 11%. Finalmente, quando ele se espalhou para outros órgãos, é de apenas 2%.
Porém, mais importante que todos esses nomes complicados ou a taxa de sobrevida, é entender que a ênfase deve ser feita na prevenção. Na maioria das vezes, o câncer no fígado pode ser evitado. Ele é causado principalmente por hábitos pouco saudáveis, que você vai conhecer no próximo tópico.
O que causa o câncer no fígado?
As principais causas de câncer no fígado estão relacionados a uma alimentação inadequada. No entanto, existem outros fatores que contribuem para esse diagnóstico. Veja a seguir:
Ingestão de alimentos gordurosos e ultraprocessados
Alimentos gordurosos, como as carnes e frituras, estão entre os principais fatores para o surgimento do câncer de fígado. Além deles, os ultraprocessados como salgadinhos, macarrão instantâneo, bebidas açucaradas, nuggets, pratos congelados e embutidos (salame, presunto, salsichas) também fazem parte da lista de produtos que aumentam esse risco.
O ideal é sempre manter uma alimentação o mais natural possível, repleta de grãos integrais, sementes e castanhas, proteínas vegetais e muitas frutas, legumes e verduras. As gorduras boas, em sua forma natural, também são bem-vindas, desde que consumidas com equilíbrio.
Caso a pessoa tenha uma alimentação mais gordurosa, ela provavelmente desenvolverá problemas que antecedem o câncer do fígado, como a esteatose hepática, a fibrose e posteriormente, a cirrose.
Consumo de álcool
Quem consome bebidas alcoólicas por um período prolongado tem um risco duas vezes maior de desenvolver câncer no fígado. Além de favorecer o surgimento do tumor, o álcool prejudica o funcionamento desse órgão, aumentando a letalidade da doença.
Estudos mostram que, quando comparados a pessoas que desenvolveram o câncer por outros motivos — como hepatite e esteatose hepática — consumidores de bebidas alcoólicas têm uma sobrevida menor e reduzem suas chances de recuperação. Por isso, é muito importante se livrar desse hábito.
Hepatite viral crônica
A infecção crônica por hepatite viral dos tipos B e C está entre os principais fatores para o desenvolvimento do câncer no fígado. Ela causa cirrose hepática e aumenta muito os riscos do paciente.
A transmissão da doença ocorre principalmente por meio do compartilhamento de agulhas contaminadas e contato sexual sem proteção. Embora menos comum, a pessoa pode contraí-la durante o parto ou transfusões de sangue. O fato é que, na maioria dos casos, a doença é evitável.
Tabagismo
O tabagismo está relacionado ao aumento no risco de contrair diversos tipos de câncer, inclusive no fígado. Pesquisas mostram que um ex-fumante tem menos chance de desenvolver a doença do que as pessoas que ainda utilizam o cigarro. No entanto, os não-fumantes estão mais protegidos que os dois grupos.
Uso de esteroides e anabolizantes
Não é incomum atletas e pessoas que desejam aumentar a força e massa muscular utilizarem esteroides e anabolizantes. No entanto, muitas dessas essas substâncias aumentam o risco de hepatocarcinoma. Por todas essas razões, é importante buscar métodos mais naturais para obter um crescimento muscular gradual, mas saudável.
Esquistossomose
O parasita que causa a esquistossomose (barriga d’água) também lesiona o fígado. Por isso, as pessoas que contraem essa doença podem desenvolver tumores em algum momento da vida.
Doenças incomuns
Algumas doenças incomuns aumentam o risco de desenvolver câncer de fígado. Entre elas, existe a hemocromatose, que faz o organismo absorver uma quantidade excessiva de ferro dos alimentos e depositá-lo nos diversos órgãos do corpo. A lesão provocada pelo acúmulo de ferro no fígado pode causar cirrose e, posteriormente, o câncer.
Outras doenças não muito comuns que aumentam o risco de câncer no fígado são a tirosinemia, porfíria cutânea tardia, doença de Wilson, doenças relacionadas ao armazenamento de glicogênio e deficiência de alfa1-antitripsina.
Contaminação por aflatoxinas
As aflatoxinas são substâncias cancerígenas que os fungos produzem em alimentos como trigo, soja, milho e arroz. Porém, você não precisa eliminar esses alimentos do seu cardápio! Basta armazená-los em um ambiente seco e, de preferência, em uma temperatura não tão quente.
Esses fungos só proliferam em ambientes úmidos e quentes, o que infelizmente é comum em boa parte do Brasil. Para evitar o problema, mantenha os alimentos em um ambiente ventilado. Se não for possível, tente não fazer grandes estoques, para que os produtos não fiquem muito tempo guardados sob essas condições.
Quais são os sinais de alerta?
Talvez você esteja pensando: “até agora, passei décadas da minha vida consumindo esses alimentos. Será que eu posso ter câncer de fígado?” Para tirar essa dúvida, reunimos alguns sinais de alerta importantes. Veja quais são eles!
É importante falar desses sinais de alerta porque eles não são sintomas de câncer no fígado. Portanto, se você percebe que apresenta esses quadros, ainda dá tempo de fazer mudanças e reverter a situação.
1. Obesidade
Existe uma relação entre a obesidade e diversos tipos de câncer, e não apenas os que atingem o fígado. Além disso, geralmente os alimentos que levam ao aumento de peso são justamente os que causam a esteatose hepática. Portanto, se você está acima do peso, esse é um sinal de alerta.
Ser obeso não significa necessariamente que você está desenvolvendo um câncer de fígado. No entanto, é importante procurar o médico e fazer exames para analisar se a esteatose hepática já começou a se manifestar. Nesse caso, é urgente iniciar mudanças no padrão alimentar.
2. Esteatose hepática
A esteatose hepática é outro sinal de que é preciso fazer mudanças para evitar o desenvolvimento de um câncer de fígado. Como já abordamos em outro artigo, trata-se de um acúmulo de gordura nesse órgão. Ela causa um estado inflamatório e, em seguida, uma fibrose.
Em estágios mais avançados, a esteatose hepática causa cirrose e, finalmente, o câncer de fígado. Considerando que 1 em cada 3 brasileiros sofre com esse problema, percebemos a importância de uma alimentação saudável para evitar essas consequências. Para saber mais, confira nosso artigo completo sobre esse tema.
3. Cirrose
Metade das pessoas diagnosticadas com hepatocarcinoma têm cirrose hepática. Portanto, esse é um dos principais sinais de alerta. Se você ou alguém da sua família recebeu esse diagnóstico, é fundamental fazer mudanças urgentes no estilo de vida.
4. Trabalhos de risco
Algumas profissões provocam um risco aumentado de câncer de fígado, porque os trabalhadores são expostos a substâncias como arsênio, cloreto de vinila e dióxido de tório, entre outras. Portanto, quem trabalha na assistência e serviços gerais em estabelecimentos de saúde, agricultores, mecânicos de veículos a motor e funcionários de indústria de plástico devem ficar atentos e consultar o médico com uma certa frequência.
Embora existam diversos fatores que causam o câncer de fígado, um grande percentual dos casos seria evitado com uma mudança nos hábitos alimentares e redução no consumo de álcool. Portanto, sua decisão hoje pode ser o que o seu organismo precisa para mantê-lo longe das estatísticas e poupá-lo desse diagnóstico.
Gostou do artigo? Entendeu o quanto é importante mudar hábitos para evitar o câncer de fígado? Compartilhe com um amigo através de suas redes sociais e ajude a conscientizar as pessoas sobre os benefícios de um estilo de vida saudável!