Nos últimos anos, alguns remédios para falta de concentração se tornaram muito populares e, de certa forma, seu uso tem sido banalizado. Saiba se essa é uma solução efetiva e quais os seus impactos à saúde.
Você sente que tem dificuldade para se concentrar? De alguma forma, percebe que isso prejudica sua produtividade no trabalho? Se você respondeu “sim” a essas perguntas, é possível que já tenha se deparado com a possibilidade de medicamentos para melhora da performance mental.
O Venvanse é apenas um dos exemplos de medicamentos que foram desenvolvidos para finalidades muito específicas e que, de forma inapropriada, têm sido cada vez mais utilizados por jovens e adultos em busca de energia, atenção e produtividade.
Porém, será que essa é a melhor alternativa para melhorar a cognição e, consequentemente, nossa capacidade de produzir mais e melhor? Esse tipo de medicação pode ser usada livremente ou cobra um alto preço da nossa saúde?
Esses são alguns dos tópicos que vamos abordar neste artigo. Então, continue a leitura para saber mais.
Os medicamentos para falta de concentração são seguros?
Esses pacientes não sofrem de uma simples falta de concentração. Ocorre uma disfunção neurológica, relacionada à captação e recaptação de neurotransmissores, que causa um grande impacto à vida e rotina do indivíduo.
Entre as substâncias mais usadas com esta finalidade, temos a lisdexanfetamina (Venvanse) e o metilfenidato (Concerta, Ritalina, Metadate). No entanto, também existem medicamentos que utilizam dextroanfetamina, atomoxetina e agentes alfa-2 adrenérgicos para melhorar a concentração.
Atualmente, muitos adultos têm buscado o Venvanse como uma alternativa para melhorar seu foco e produtividade. Por isso, falaremos mais a respeito desse medicamento. Trata-se de um psicoestimulante que aumenta a liberação de neurotransmissores como a dopamina e a norepinefrina.
Pensando no impacto da falta de atenção na vida das pessoas, especialmente crianças, o Venvanse tem sido muito adotado como tratamento para os sintomas do TDAH. No entanto, seu uso é bastante específico e deve ser rigorosamente controlado, após um diagnóstico detalhado.
O uso indiscriminado deste medicamento pode causar efeitos colaterais bastante sérios. Entre eles, destacamos a dependência, aumento da pressão arterial, taquicardia, ansiedade e insônia. É possível que o paciente sofra com danos significativos à saúde mental e física.
Por isso, mesmo nos casos em que seu uso é considerado indispensável devido ao impacto da falta de concentração na vida do indivíduo, o paciente precisa ter estrito acompanhamento médico.
Quais são as causas da falta de concentração?
Talvez você não tenha observado um detalhe no tópico anterior. Com todo o embasamento da Ciência, podemos afirmar que esse tipo de medicamento deve ser usado após um diagnóstico completo e detalhado, o que nem sempre acontece.
Antes de pensar no uso da medicação, é fundamental investigar as causas da falta de concentração e descartar outras hipóteses. Esta investigação permite que a pessoa tenha um bom resultado no tratamento e evita que ela corra riscos de forma desnecessária.
Não podemos negar que, embora algumas pessoas tenham transtornos como o TDAH, também vivemos em uma sociedade que não favorece a concentração. Hábitos inadequados de sono, excesso de estimulantes (café, chocolate, açúcar) e o uso indiscriminado de telas são alguns dos fatores que interferem na função cerebral.
Por isso, antes de recorrer à medicação, é importante fazer duas perguntas:
- realmente tenho falta de concentração e preciso melhorar minha performance cognitiva ou se trata de uma exigência irreal / imaginária?
- se eu realmente preciso melhorar combater a falta de concentração, o que posso mudar no meu estilo de vida para favorecer o bom funcionamento cerebral?
A seguir, selecionamos algumas mudanças na rotina que podem fazer uma grande diferença e até mesmo acabar com a falta de concentração:
Estabeleça uma rotina de sono
O cérebro trabalha muito bem com ordem e regularidade. Por isso, procure dormir e acordar no mesmo horário todos os dias, inclusive aos finais de semana. Isso regulará seu relógio biológico e melhorará a qualidade do seu sono.
Alguns estudos demonstraram que a falta de sono tem um impacto significativo na concentração e outras funções cognitivas. A privação de sono afeta diretamente a capacidade de atenção, memória, processamento de informações e tomada de decisões.
A privação aguda de sono, como ficar acordado por 24-72 horas, prejudica a memória de trabalho e a capacidade de realizar tarefas cognitivas complexas, resultando em um desempenho reduzido e maior propensão a erros.
Talvez você não esteja com falta de concentração. É possível que seu desempenho mental esteja simplesmente refletindo o resultado de péssimos hábitos de sono.
Troque os estimulantes por pausas
O que você faz quando começa a se sentir cansado ao realizar uma tarefa? Se você é da turma que corre para tomar uma xícara de café, fique atento!
Tomar café e outras bebidas estimulantes parece proporcionar mais disposição em um primeiro momento. Porém, a verdade é que você estará cansando ainda mais o seu cérebro.
Se ele não estiver cansado, o estimulante fará com que ele se torne mais ativo que o normal. É como se você pisasse fundo no acelerador de um carro. O motor fará um esforço maior. No caso do nosso cérebro, ele chegará a um ponto de cansaço mais cedo.
Se o seu cérebro estiver cansado, essa situação se torna ainda pior. Afinal, em vez de descansar, tomar café e outros estimulantes fará com que ele tenha que se esforçar sem as condições mínimas para um bom funcionamento.
Então, mais uma vez, pode ser que você não tenha falta de concentração. É possível que o seu cérebro tenha sido hiperestimulado por essas substâncias e agora esteja simplesmente esgotado.
Para não correr esse risco, troque o café por uma pausa. Adote a regra 20-20-20: a cada 20 minutos, olhe para algo a cerca de 6 metros de distância por pelo menos 20 segundos. Se a sua rotina permite, adote o método Pomodoro e dê uma pausa de 5 minutos após 20 minutos de atividade.
Essas alternativas ajudam a reduzir a fadiga ocular, o esforço mental e melhoram a concentração.
Proporcione os nutrientes que o seu cérebro precisa
Assim como as outras células do corpo, seus neurônios também precisam de nutrientes. Por isso, nossa alimentação precisa conter todos os elementos que favorecem a função cerebral.
Frutas, vegetais e grãos integrais são excelentes. Evite alimentos processados e ricos em açúcares, que podem causar picos e quedas de energia. Sementes como linhaça, chia e nozes são ricas em Ômega 3, uma gordura que favorece o funcionamento do cérebro.
E não se esqueça da hidratação. A desidratação pode afetar negativamente o cérebro, causando falta de concentração e prejudicando o desempenho cognitivo. Afinal, o cérebro realiza uma série de reações químicas que dependem da água para acontecer.
Beba água regularmente ao longo do dia para manter o corpo e a mente funcionando de maneira ideal.
Telas e aplicativos favorecem a falta de concentração
O uso frequente de telas e aplicativos altera a resposta do cérebro à dopamina, um neurotransmissor associado ao prazer e à recompensa. Aplicativos e redes sociais são projetados para liberar dopamina em pequenas doses frequentes, mantendo o usuário engajado.
Assim, a exposição constante a estímulos rápidos e recompensadores pode diminuir a sensibilidade do cérebro à dopamina em atividades cotidianas menos estimulantes, tornando mais difícil manter a concentração em tarefas que não oferecem recompensas imediatas.
A atividade física melhora o fluxo sanguíneo para o cérebro e pode aumentar a liberação de neurotransmissores que promovem o foco e a concentração. Exercícios aeróbicos, como caminhada, corrida e ciclismo, são particularmente benéficos.
Agora você já sabe que, embora o medicamento seja necessário em alguns casos, mudanças no estilo de vida podem ser extremamente eficazes para combater a falta de concentração.
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