Para começar, temos uma boa notícia: nem tudo é compulsão alimentar. Descubra agora quais são as características e impactos deste transtorno na vida dos pacientes.
Quem já começou a comer uma caixa de bombons e não conseguiu parar até chegar ao final dela? Ou correu de volta à geladeira pouquíssimo tempo depois do almoço? Ou que não dispensou a sobremesa, mesmo estando com o estômago cheio?
Comer muito, a todo o momento, e geralmente comidas calóricas se tornou um hábito muito frequente nos dias de hoje.
Afinal, o nosso acesso fácil a alimentos hiperpalatáveis se tornou muito grande. As prateleiras de supermercados estão cheias deles e, se não estão em nossa casa, basta encomendar pelo aplicativo de delivery.
Porém, para a surpresa de muita gente, comer descontroladamente não significa, necessariamente, que a pessoa desenvolveu o transtorno de compulsão alimentar.
Como você vai descobrir neste artigo, existe uma diferença entre o transtorno alimentar e o mero descontrole. Então, continue a leitura para entender melhor.
O que é compulsão alimentar?
A compulsão é um distúrbio alimentar. Quando a pessoa sofre com este problema, ela apresenta um total descontrole ao comer. Na maioria das vezes, este comportamento é acompanhado por sentimentos de culpa e vergonha.
Como identificar a compulsão alimentar?
Quem estabelece os critérios para o diagnóstico de compulsão alimentar é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, conhecido pela sigla DSM.
Segundo o DSM-5, que é o manual em vigor neste momento, para o diagnóstico de compulsão alimentar, o paciente precisa apresentar o seguinte quadro:
1. Ingestão, em um período determinado (p. ex., dentro de cada período de duas horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria no mesmo período sob circunstâncias semelhantes.
2. Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio (p. ex., sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o que e o quanto se está ingerindo).
Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos seguintes aspectos:
1. comer mais rapidamente do que o normal;
2. comer até se sentir desconfortavelmente cheio;
3. comer grandes quantidades de alimento na ausência da sensação física de fome;
4. comer sozinho por vergonha do quanto se está comendo;
5. sentir-se desgostoso de si mesmo, deprimido ou muito culpado em seguida. Sofrimento marcante em virtude da compulsão alimentar.
Além disso, esses episódios precisam ocorrer, em média, ao menos uma vez por semana durante pelo menos três meses.
Quais são os impactos da compulsão alimentar na vida de uma pessoa?
A compulsão alimentar pode causar uma série de consequências negativas para a saúde de uma pessoa, tanto do ponto de vista físico quanto emocional e social, entre outros.
Veja a seguir:
Impactos da compulsão alimentar à saúde física
Ao ingerir quantidades desproporcionais de qualquer alimento, seja ele saudável ou não, nosso corpo se sobrecarrega tanto com a digestão quanto com o excesso de calorias.
Portanto, uma pessoa com compulsão alimentar pode se tornar obesa, embora isso nem sempre aconteça devido a fatores genéticos ou à presença de comorbidades como a bulimia. Falaremos em um dos próximos tópicos.
Ao manifestar este transtorno, a pessoa tende a reduzir muito a sua seletividade com alimentos. Ela come, literalmente, tudo que estiver à sua frente.
Essa baixa seletividade pode agravar as questões relacionadas à saúde física, visto que muitos produtos alimentícios não possuem os nutrientes que o corpo precisa e ainda podem fazer mal ao organismo.
Por isso, é frequente que as pessoas com compulsão alimentar desenvolvam obesidade, como já falamos, e também diabetes, problemas cardíacos, hipertensão arterial, síndrome metabólica e outras doenças crônicas.
Impactos da compulsão alimentar à saúde mental
A relação entre a compulsão alimentar e transtornos mentais é bastante delicada. Afinal, elas podem desencadear e nutrir-se reciprocamente, em um verdadeiro círculo vicioso.
Ficou difícil de entender? Podemos explicar melhor.
Pessoas com depressão e ansiedade podem desenvolver compulsão alimentar. Por outro lado, pessoas com compulsão alimentar também podem desenvolver depressão, ansiedade e outros transtornos.
É bastante comum, ao estarem deprimidas e ansiosas, as pessoas buscarem alívio na comida, já que produtos saborosos, especialmente os hiperpalatáveis, causam uma descarga repentina de dopamina no cérebro.
Portanto, a pessoa se sente desconfortável com alguma situação devido ao seu transtorno mental. Ao comer, seu cérebro se enche de dopamina, causando a sensação de prazer e amortecendo a emoção desagradável.
Então, para muitas pessoas, funciona assim: elas se sentem ansiosas. Para conter essa ansiedade, elas abrem o pacote de bolacha recheada da gaveta e comem até o fim.
Depois da sensação momentânea de prazer, elas sentem um pouco de alívio. Porém, logo este bem-estar passa e elas se sentem tristes por terem comido o pacote inteiro.
Novamente, devido à tristeza, elas buscam conforto em outra comida, e assim por diante. Como você pode ver, essa gangorra entre emoções negativas e o prazer da comida forma um círculo vicioso.
Impactos da compulsão alimentar sobre a autoestima
As pessoas com compulsão alimentar frequentemente sentem vergonha e culpa devido ao seu comportamento diante da comida. Muitas vezes, elas comem escondido. Assim, elas evitam os olhares dos outros.
A dificuldade para controlar o próprio comportamento acarreta o sentimento de incapacidade, incompetência e descontrole. Isso abala a autoestima, trazendo muito sofrimento.
Impacto da compulsão alimentar sobre a vida social e profissional
Em casos extremos, a compulsão alimentar afeta até mesmo a vida social e profissional. Os problemas de saúde são apenas uma parte do problema.
Muitas vezes, a pessoa sente vergonha e culpa. Ela procura ficar longe do olhar das outras pessoas, come escondido e detesta cair em descontrole diante de amigos ou familiares.
Por isso, a pessoa pode isolar-se, gerando um distanciamento social significativo. Este, por sua vez, prejudica a saúde mental.
Impacto da compulsão alimentar sobre o desenvolvimento de comorbidades
Diante da compulsão alimentar, muitas pessoas desenvolvem comorbidades psiquiátricas como a bulimia e a anorexia.
Entre pacientes com transtorno de compulsão alimentar e bulimia, inclusive, existem estudos bastante preocupantes, que mostram um aumento no índice de ideação suicida.
Portanto, a própria compulsão alimentar já alerta para a necessidade de acompanhamento e tratamento médico. A presença de comorbidades torna o quadro ainda mais perigoso.
Como saber se tenho compulsão alimentar ou descontrole?
É importante destacarmos que a compulsão alimentar tem uma prevalência relativamente baixa. A porcentagem de pessoas que sofrem este problema varia de acordo com o grupo demográfico, país onde o estudo ocorreu etc.
Porém, os estudos que apontam uma prevalência mais alta concluem que cerca de 5% da população estudada apresentava o distúrbio.
Em outros estudos, as porcentagens são ainda mais baixas. Alguns deles apontam que apenas 1% da população realmente pode ser diagnosticada com compulsão alimentar.
No entanto, você certamente já viu um número muito maior de pessoas com uma relação complicada com a comida.
Como falamos no início deste artigo, são aquelas que não param de comer os bombons até que acabem, comem mesmo já se sentindo cheias e assim por diante.
Nesses casos, podemos falar de um descontrole alimentar, e não necessariamente de uma compulsão. Por isso, é fundamental procurar o médico para um diagnóstico correto.
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