A síndrome metabólica, apesar de pouco conhecida, representa um grande fator de risco para a população. Sua ocorrência dobra o risco de mortalidade geral e triplica as chances de morte por doenças cardiovasculares.
Muitas pessoas, sem nem imaginarem, sofrem com a síndrome metabólica. Quer entendê-la e descobrir como evitar e tratar esse problema? Então, continue a leitura!
O que é a síndrome metabólica?
Na Medicina, síndrome é um conjunto de sinais e sintomas. No caso da síndrome metabólica, trata-se de uma condição que afeta o nosso metabolismo.
A síndrome metabólica não é considerada uma doença. Porém, ela representa o principal fator de risco para o desenvolvimento de outras enfermidades como problemas cardiovasculares, diabetes e quase todas as outras doenças comuns na atualidade.
Muitas pessoas possuem a síndrome metabólica, existem sinais até mesmo visíveis, mas a maioria se sente relativamente bem. Assim, elas ignoram sua condição e o organismo sofre as consequências até o surgimento de uma doença crônica.
Como saber se eu sofro com a síndrome metabólica?
Existem 5 critérios que indicam se uma pessoa apresenta a síndrome metabólica:
- Homens com circunferência abdominal superior a 94 centímetros. Nas mulheres, essa medida é de 80 centímetros.
- Medidas de glicose alteradas (a partir de 100 mg/dl), quer a pessoa tenha o diagnóstico de diabetes ou não.
- Pressão arterial superior a 13/9.
- Nível de HDL (bom colesterol) abaixo de 50 para mulheres e de 40 para os homens.
- Elevação dos triglicérides.
Quando a pessoa apresenta 3 desses 5 critérios, os médicos entendem que a pessoa sofre com a síndrome metabólica.
Quais são as consequências da síndrome metabólica?
Como podemos perceber, muitas pessoas têm 3 ou mais desses critérios. Portanto, uma parte considerável da população tem síndrome metabólica. Talvez você mesmo seja um deles.
Mas também é possível que esteja pensando: eu tenho esses sintomas, mas isso não traz impacto na minha vida. Consigo viver normalmente e não me sinto doente.
Porém, nós precisamos pensar nas consequências da síndrome metabólica para o organismo, especialmente no médio e longo prazos. O primeiro resultado dessa síndrome é que ela produz no corpo a resistência periférica à insulina.
A insulina é um hormônio anabólico muito importante para o organismo. Sua função é fazer com que todos os nutrientes que nós ingerimos sejam bem aproveitados pelo corpo e utilizados em sua totalidade pelas células.
Então, a partir do momento que você come, a insulina entra em campo. Ela “abre as portas” das células, permitindo que elas utilizem os nutrientes e a energia dos alimentos.
No entanto, maus hábitos relacionados à saúde fazem com que o corpo desenvolva uma resistência à insulina. Mais uma vez, de forma didática, é como se a insulina chegasse para abrir as portas da célula, mas elas estivessem travadas, impedindo o bom aproveitamento dos nutrientes.
Entre os muitos nutrientes que nós consumimos, está o açúcar (glicose). Porém, é importante lembrar que isso não depende apenas da ingestão de alimentos ou produtos alimentícios adocicados artificialmente.
Além dos doces, os carboidratos refinados como o pão branco, arroz branco e macarrão branco também são rapidamente transformados em glicose dentro do organismo. Outros alimentos também se transformam em glicose,mas com um processo de transformação mais lento.
Mas voltando à resistência à insulina, vamos entender o que acontece no corpo. Se o açúcar não consegue entrar nas células para ser usado como fonte de energia, ele fica circulando pelo sangue e atinge diversos tecidos e órgãos.
Esse açúcar circulante gera um estado inflamatório constante de baixo grau no organismo, ou seja, uma inflamação crônica. Como nós já mostramos em outros artigos, esse é o gatilho para o desenvolvimento de doenças crônicas.
Quais são os problemas desencadeados pela síndrome metabólica?
A síndrome metabólica e a resistência à insulina desencadeiam uma série de problemas de saúde. Veja alguns exemplos:
Colesterol alto
O colesterol ruim (LDL) elevado participa desse processo inflamatório. Seu descontrole desencadeia o quadro de aterosclerose, que é o entupimento das artérias.
Diabetes tipo 2
A resistência à insulina é um fator precursor do diabetes. Se não houver o cuidado apropriado, a pessoa desenvolve a doença.
O Dr. Benício Pereira, diretor médico da Clínica & SPA Vida Natural, destaca um ponto importante. No estudo Elisa 2014, os dados apontaram que o consumo de carne vermelha aumenta muito o risco de desenvolver diabetes.
Segundo o médico, “as pessoas tendem a condenar os carboidratos e se esquecem de que a carne vermelha e as gorduras são grandes vilões para o desencadeamento da resistência à insulina e do diabetes”.
Hipertensão e outras doenças cardíacas
A resistência insulínica predispõe o corpo para um estado de hiperinflamação. Por sua vez, a hiperinflamação perpassa os vasos sanguíneos. Esse processo faz com que substâncias proinflamatórias sejam liberadas na camada interna das artérias, gerando o aumento da pressão arterial e outros problemas cardíacos.
Câncer
O câncer é um estado hipermetabólico de algumas células que se multiplicam de forma desordenada e perdem a função que deveriam ter. Entre essas alterações, está um aumento de até 200 vezes em sua afinidade pelo açúcar.
É pouco provável que um câncer se desenvolva na ausência de 3 elementos: açúcar, insulina em excesso e o hormônio de crescimento IGF1. Na síndrome metabólica, o corpo reúne essas três condições para o desenvolvimento do câncer.
O Dr. Benício destaca ainda:
Todas as doenças adquiridas partem de um elemento comum inflamatório. A resistência periférica insulínica é a mãe de inúmeros males.
Como tratar a síndrome metabólica?
Para tratar ou prevenir a síndrome metabólica, precisamos desenvolver hábitos que ajudam o corpo a não criar essa resistência à insulina. E que hábitos são esses?
1. Movimente-se
O sedentarismo é um grande aliado da síndrome metabólica. Então, para evitá-la ou tratá-la, é preciso colocar o exercício na rotina e a atividade física no dia a dia.
Vale a pena lembrar que o exercício é aquela atividade direcionada, feita com um objetivo específico. Então, quando a pessoa faz musculação, seu objetivo é o aumento da massa muscular. O alongamento, como o nome diz, tem a função de melhorar a flexibilidade desses músculos, e assim por diante.
Já a atividade física é qualquer movimento que fazemos no dia a dia e que contribui para o gasto calórico. Portanto, enquadram-se aqui ações como subir escadas, levantar da cadeira do escritório e fazer alguns minutos de caminhada estática, descer um ponto de ônibus antes do trabalho para andar um pouco mais, e assim por diante.
2. Coma menos
Veja como tudo se inverteu na sociedade moderna. Antigamente, as pessoas comiam muitos alimentos em seu estado natural, que eram menos calóricos. Ao mesmo tempo, realizavam trabalhos braçais, que consumiam muita energia.
Portanto, havia um equilíbrio (e até mesmo um déficit) entre as calorias ingeridas e as calorias consumidas ao longo de um dia.
Atualmente, nós fazemos o inverso. A forma como os alimentos são preparados os torna muito mais calóricos. Um exemplo é a batata frita. Entre os industrializados, a situação ainda é pior.
Por outro lado, a quantidade de pessoas que realizam trabalhos braçais diminuiu. A maioria de nós, provavelmente, gasta poucas calorias em suas atividades diárias e ingere uma quantidade maior. Sobra energia, que o corpo transforma em gordura, que é um fator para o desenvolvimento da resistência à insulina.
Então, não há outro caminho. Precisamos comer menos e gastar mais energia. Esse equilíbrio é fundamental para evitar a síndrome metabólica.
3. Mais horta, menos mercado
Entre os alimentos que mais favorecem o aumento de peso e a síndrome metabólica estão os refinados, industrializados e carnes gordurosas. Muitos dos produtos que estão nas prateleiras do supermercado têm um sabor irresistível, mas funcionam como uma bomba para o organismo.
Quanto mais alimentos da horta e do pomar estiverem em nosso prato, menores serão as chances de desenvolver a síndrome metabólica.
Como você pode perceber, a síndrome metabólica está presente na vida de muitas pessoas que sequer têm consciência desse problema. Quer saber mais sobre o assunto? Assista à entrevista do Dr. Benício no programa Vida & Saúde, da Rede Novo Tempo: