Muitas pessoas alegam que a predisposição genética é a grande culpada por algumas doenças que desenvolvem. Saiba se realmente não temos escolha diante da ação dos genes.
“Meu pai tinha diabetes, meus tios têm diabetes e minha avó morreu em decorrência de diabetes”. Quantas vezes ouvimos frases assim quando alguém justifica o diagnóstico de uma doença como se ela fosse inevitável?
Aqui, o exemplo foi a diabetes. Porém, podemos dizer o mesmo a respeito de colesterol, diversos tipos de cânceres, doença arterial coronariana, Alzheimer, entre tantas outras.
Mas será que a predisposição genética é, de fato, uma sentença de que a pessoa desenvolverá uma doença? Se a minha genética não ajuda, isso significa que estou condenado a ter um problema de saúde?
Essas são algumas das perguntas que respondemos neste artigo. Então, continue a leitura para saber mais.
O que são doenças genéticas?
Doenças genéticas são aquelas causadas por alterações no material genético de uma pessoa. Esse material é formado pelo DNA que, por sua vez, é encontrado nos cromossomos que ficam dentro do núcleo das nossas células.
A imagem abaixo ilustra essas três estruturas presentes em nosso organismo:
Portanto, quando a pessoa tem uma mutação genética, ela pode afetar a estrutura ou a função dos genes, produzindo, desta forma, problemas de saúde ou alterações funcionais.
Algumas dessas mutações genéticas são herdadas dos pais. Isso significa que o pai e/ou a mãe tinham a mesma configuração genética e a transmitiram aos seus filhos.
Outras vezes, os pais não têm nenhuma mutação genética daquela espécie. Porém, em algum momento do processo de geração de uma nova vida, durante a divisão celular, ocorreu uma mutação apenas no feto, que não afeta outras pessoas da família.
Também existem mutações que ocorrem ao longo da vida e podem acontecer devido à exposição à radiação, a determinados produtos químicos ou fatores ambientais.
Essas mutações podem causar desde defeitos congênitos como fendas labiais, defeitos cardíacos ou o excesso de dedos até distúrbios metabólicos e doenças neurológicas.
Outras vezes, a mutação genética não causa uma doença, e sim uma condição ou até mesmo uma síndrome. Um exemplo disso é a síndrome de Down.
Quando uma criança nasce com síndrome de Down, ela possui uma condição causada por uma alteração genética. Porém, isso não a torna doente.
Essas alterações causam, sim, uma série de impactos funcionais e mesmo características típicas de pessoas com essa mutação (olhos mais puxados, por exemplo). No entanto, mais uma vez, não se trata de uma doença.
Qual é a diferença entre doença genética e predisposição genética?
Quando uma pessoa tem uma doença genética, a mera mutação de seus genes leva, inevitavelmente, ao desenvolvimento de um determinado quadro.
Como exemplo, podemos falar da fibrose cística. Quando a criança nasce com mutações no gene CFTR (Cystic Fibrosis Transmembrane Conductance Regulator), ela desenvolve esta doença.
Assim, ela passa a produzir uma proteína defeituosa, que não consegue desempenhar suas funções de forma satisfatória, levando ao acúmulo de muco em diversas áreas do corpo, mas especialmente nos pulmões e no trato digestivo.
Poderíamos dar diversos exemplos, mas esse já mostra o que acontece quando uma alteração nos genes causa uma doença diretamente.
Porém, em muitos outros casos, as mutações genéticas não causam uma doença de forma tão direta. Eles facilitam o desenvolvimento da doença, mas isso só ocorre quando diversos outros fatores também contribuem para isso.
Portanto, nós dizemos que uma pessoa tem uma predisposição genética quando seus genes tendem a levar a uma doença, mas isso só ocorrerá se outros fatores ambientais (alimentação, sedentarismo etc) também favorecerem o desenvolvimento do quadro.
Entre esses casos, temos doenças como câncer, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, colesterol, mal de Alzheimer, mal de Parkinson, etc.
Em todas essas doenças, a pessoa tem genes que favorecem o problema. Porém, ao fumar, ela aumenta essas chances. Ao ser sedentária, também. Uma alimentação desregrada é outro fator que contribui e assim por diante.
Portanto, quando se trata de uma predisposição genética, é possível que a doença não se manifeste desde que a pessoa controle esses fatores ambientais e mude seus hábitos.
É possível vencer a predisposição genética?
Em grande parte das vezes, é possível vencer a predisposição genética por meio de hábitos saudáveis. Afinal, a expressão de muitos genes depende de condições ideais para isso.
Portanto, se os nossos hábitos não favorecem a expressão de um gene que causa uma doença, as chances de ele conseguir causá-la são muito menores. É como se nós o desligássemos.
O mesmo acontece com genes bons, que nos protegem. Se nossos hábitos são ruins, eles desligam esse componente genético positivo, aumentando as chances de desenvolver a doença.
Quando falamos da maioria das doenças, os genes são muito menos importantes que as condições que damos ao organismo para a expressão genética deles.
Portanto, para não sofrer com doenças desse tipo, é muito importante:
- escolher bem os alimentos, dando preferência à versão mais natural e saudável de cada um deles;
- evitar o consumo de substâncias que danificam as células como cigarro, álcool, açúcar e estimulantes em geral;
- praticar atividades físicas regularmente, de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde;
- transformar o sono de qualidade em uma prioridade, implementando a higiene do sono;
- desenvolver estratégias para o manejo do estresse, evitando que ele se torne um processo crônico e que prejudica a saúde.
- evitar hábitos que invariavelmente causam problemas de saúde e danificam as células, como beber, fumar, consumir açúcar e estimulantes em geral;
Pode parecer óbvio, mas a verdade é que boa parte das pessoas não escolhe seu alimento. Elas simplesmente continuam ingerindo o que aprenderam na família ou reproduzem as ações de seu círculo social.
Um bom exemplo é o café. Existem diversos estudo mostrando que, por ser um estimulante, seu impacto para o organismo é mais maléfico do que benéfico.
Porém, muitas pessoas justificam o costume alegando que se trata de um “hábito cultural”. Para o organismo, isso não faz a menor diferença. Faz mal do mesmo jeito.
Portanto, os hábitos herdados podem ser mais decisivos para o surgimento de uma doença “hereditária” do que nossos próprios genes.
Por isso, é muito importante aprendermos a escolher nossos alimentos de acordo com nossos objetivos. Assim, quanto mais natural for o nosso cardápio, maiores serão as nossas chances de não desenvolvermos doenças.
Como você pode ver, a maioria das ações para driblar a predisposição genética podem ser controladas por nós. Portanto, embora não seja fácil implementar bons hábitos, a saúde é uma escolha individual.
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As doenças genéticas podem afetar qualquer parte do corpo e podem causar uma ampla gama de sintomas, incluindo