Segundo um estudo publicado pela revista científica Neurology, é possível que exista uma relação entre SOP e demência em mulheres de meia-idade. Confira o artigo para entender os fatores envolvidos.
Entre as mulheres, a osteoporose, doenças autoimunes e a depressão são mais frequentes que entre os homens devido a questões genéticas e biológicas. A ocorrência do Alzheimer entre a população feminina também é maior.
Recentemente, pesquisas apontaram uma relação entre a ocorrência de ovários policísticos — uma condição que só pode ocorrer com as mulheres — e a demência.
A boa notícia é que, por ser uma condição passível de solução através de um estilo de vida adequado, temos a oportunidade de identificar o problema e dar ao nosso organismo as condições ideais para superá-lo.
Vamos entender melhor e descobrir de que forma as mulheres podem eliminar este fator de risco para a demência? Continue a leitura!
Qual é a relação entre SOP e demência?
Pesquisas anteriores já haviam ligado a SOP a outros quadros de saúde mental, como a depressão. No entanto, um estudo publicado na revista científica Neurology foi além.
Os pesquisadores investigaram a condição de mulheres que participaram de um estudo científico muito completo (CARDIA), que analisou fatores de risco para o desenvolvimento de doenças coronárias e arteriais em jovens adultos.
Essas voluntárias tinham entre 18 e 30 anos quando o estudo foi iniciado e foram acompanhadas pelos pesquisadores durante 3 décadas.
Os pesquisadores identificaram que elas apresentavam a síndrome dos ovários policísticos e, quando o estudo completou 30 anos, elas foram submetidas a testes que avaliavam aprendizagem, atenção, memória, linguagem e outras habilidades cognitivas.
Uma parte também realizou exames de ressonância magnética para avaliar a estrutura cerebral e sua integridade.
Todos os resultados foram cruzados com informações relacionadas à idade, raça, nível de escolaridade e outros fatores que poderiam interferir no desempenho das participantes.
No total, 907 mulheres realizaram os testes cognitivos. Entre elas, apenas 66 apresentavam critérios para SOP.
Os pesquisadores observaram que as mulheres eram semelhantes tanto em idade (54 anos, em média), quanto em IMC, renda e status de fumante / consumidora de bebidas alcoólicas.
Porém, quando se tratava das capacidades cognitivas, as participantes com SOP tiveram desempenho inferior em diferentes testes de desempenho e, na ressonância magnética, seu índice de integridade da matéria branca do cérebro era menor.
Como o próprio estudo conclui, os resultados sugerem que mulheres com SOP sofrem um declínio cognitivo na meia-idade. No entanto, eles mesmos apontam a necessidade de confirmar essa hipótese através de novas pesquisas.
É realmente possível que haja uma relação entre SOP e demência?
Embora o estudo aponte esta necessidade de aprofundamento sobre o tema, existem muitas pesquisas que já estabelecem a relação entre outras alterações metabólicas semelhantes ao SOP e a demência.
Existem, por exemplo, várias pesquisas indicando que a diabetes pode aumentar o risco de certos tipos de demência, como o Alzheimer e a demência vascular.
Diversos mecanismos contribuem para isso, como a resistência à insulina e hiperglicemia, comprometimento vascular, inflamação crônica e estresse oxidativo etc.
Esses comprometimentos que acompanham o diagnóstico de diabetes danificam vasos sanguíneos, impedem a boa circulação de sangue e o suprimento adequado do cérebro, causam a neurodegeneração e aumentam muito as chances de desenvolver o quadro de demência.
Além disso, a resistência à insulina promove a formação de placas de beta-amiloide no cérebro, um dos marcos da doença de Alzheimer.
Além disso, a pessoa com diabetes tende a apresentar uma grande variação nos níveis de açúcar em seu organismo. Em um momento, a glicemia está altíssima. Em outro, em níveis abaixo do normal. Ambas as condições afetam negativamente o cérebro e podem acelerar o declínio cognitivo.
Talvez você esteja pensando: “como passamos da relação entre SOP e demência para a diabetes”? Do ponto de vista metabólico, a SOP e a diabetes têm muito em comum.
A SOP é frequentemente acompanhada de resistência à insulina. Este quadro ocorre em uma grande proporção de mulheres com esta síndrome, independentemente do seu peso corporal. A resistência é uma espécie de precursor do diabetes.
Como consequência, o organismo da mulher com SOP tende a desenvolver a hiperinsulinemia, ou seja, níveis elevados de insulina circulante.
A SOP também é caracterizada por um desequilíbrio de hormônios sexuais. Este desequilíbrio tende a afetar a regulação de glicose. Também se trata de um quadro relacionado à inflamação crônica de baixo grau.
Finalmente, mulheres com SOP apresentam risco maior de desenvolver síndrome metabólica, que compreende elevação da pressão arterial, aumento da glicose, excesso de gordura abdominal e alterações nos níveis de colesterol ou triglicerídeos. Por isso, elas têm risco significativamente maior de desenvolver diabetes.
Portanto, mais uma vez, embora seja necessário realizar estudos mais aprofundados, é possível perceber diversas alterações metabólicas semelhantes na mulher com SOP e em pessoas com diabetes, talvez apenas em graus diferentes.
Considerando o fato de que existe uma relação entre essas alterações metabólicas e o desenvolvimento de demência, é bastante possível que novos estudos comprovem essa hipótese.
O que fazer se você tem SOP?
O SOP não é um quadro irreversível. Inclusive, mudanças na alimentação e prática de exercícios tendem a solucionar a maioria dos casos, mesmo sem uso de medicamentos.
Uma mudança ainda mais abrangente no estilo de vida, incluindo bons hábitos de sono, abstinência de álcool e cigarro, entre tantos outros que sempre mencionamos aqui no site, contribuirão ainda mais para que o organismo equilibre hormônios e processos metabólicos.
Portanto, a solução para evitar a diabetes, a demência e combater a SOP é, justamente, uma vida saudável.
Nossa sugestão é que, em vez de começar excluindo da sua vida tudo o que faz mal, você comece acrescentando o que faz bem, como a prática de exercícios físicos.
Depois, tente adicionar mais frutas e verduras ao seu cardápio, trocar outras bebidas pela água, substituir refinados por integrais.
Fazendo essas mudanças gradualmente, você verá como seu corpo responde a esses ajustes proporcionando muito mais equilíbrio, saúde e qualidade de vida.
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