Acne, pelos na região do rosto, dificuldade para perder peso — muitas mulheres que sofrem com esses sintomas nem imaginam que a verdadeira causa para esses transtornos é um problema metabólico: a síndrome dos ovários policísticos.

Porém, os resultados da síndrome dos ovários policísticos vão muito além desses incômodos com a aparência. Ela pode afetar a fertilidade e, por estar relacionada ao metabolismo da insulina, é um sinal de que a mulher precisa se cuidar para não desenvolver problemas cardiovasculares, diabetes, câncer no endométrio, entre outras doenças.

Portanto, a preocupação com a síndrome dos ovários policísticos vai muito além da estética. Continue a leitura para saber o impacto desse diagnóstico para a saúde e qualidade de vida da mulher.

O que são ovários policísticos?

Para entender o problema, é importante compreender o que são os ovários e também suas funções. Os ovários são dois órgãos localizados um de cada lado do útero, na parte da frente do corpo da mulher. A comunicação entre os ovários e o útero acontece por meio das tubas uterinas.

O ovário tem duas funções principais: a primeira é acolher os óvulos que a mulher carrega desde quando ela foi gerada, amadurecer essas células e liberá-las no momento da ovulação, para dar origem a uma nova vida. Além disso, os ovários produzem os hormônios sexuais femininos.

No entanto, os ovários de cerca de 20% das mulheres abrigam mais do que os óvulos. Pequenas bolsas cheias de líquido ou material semissólido — os cistos — formam-se dentro desse órgão.

Em um grupo de cerca de 10% das mulheres, essa condição provoca um aumento nas taxas de hormônios masculinos e irregularidade menstrual. Nesses casos, ocorre o diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos, ou SOP.

A ilustração abaixo mostra a diferença entre os ovários normais e os ovários policísticos:

Se a mulher relata os sintomas de SOP na consulta, o médico confirma o diagnóstico por meio de exames como o ultrassom. Em outros casos, a condição é descoberta durante o exame de imagem, pois a mulher não apresenta ou não relatou esses sinais.

Quais são as causas da SOP?

A síndrome dos ovários policísticos tem diferentes causas. Em algumas mulheres, existem problemas no hipotálamo, hipófise e glândulas adrenais. Observa-se uma produção maior que o normal de hormônios masculinos.

No entanto, em metade das mulheres que apresentam a SOP, o organismo tem dificuldade para produzir e utilizar a insulina de forma correta. Por isso, da mesma forma que o diabetes, a síndrome dos ovários policísticos é considerada uma doença crônica e as soluções da medicina convencional preveem apenas o controle dos sintomas.

Quais são os sintomas da SOP?

A síndrome dos ovários policísticos tem uma série de sintomas, que estão ilustrados na imagem a seguir:

Por que se preocupar com a SOP?

Além de todos esses transtornos físicos e estéticos, para a maioria das mulheres a síndrome dos ovários policísticos funciona como um alerta. Ela indica que o organismo apresenta uma resistência à insulina. Essa dificuldade no metabolismo traz uma série de consequências negativas para a saúde, como você verá a seguir:

1. Impacto sobre a fertilidade

Quando a mulher tem a síndrome dos ovários policísticos, seu corpo produz e libera uma quantidade maior de hormônios masculinos (andrógenos). Eles dificultam o amadurecimento dos óvulos, que se transformam em folículos de revestimento mais rígido e ficam presos na região, ou seja, os ovários formam cistos.

Sem óvulos saudáveis e maduros para liberar, ocorre uma interrupção ou atraso no ciclo menstrual. Portanto, a mulher terá dificuldade para engravidar.

2. Surgimento de características masculinas

Devido ao excesso de hormônios masculinos, a mulher pode desenvolver algumas características femininas. Algumas delas são a perda de cabelo (com padrão de calvície semelhante ao dos homens), aumento dos pelos no corpo e face (hirsutismo), bem como o surgimento de acne.

3. Predisposição ao diabetes tipo 2

Como o organismo tem dificuldade para metabolizar a insulina de forma correta, as mulheres com síndrome do ovário policístico têm uma propensão maior a desenvolver diabetes tipo 2. O acúmulo de açúcar no sangue leva a muitos outros problemas de saúde, como já explicamos em um conteúdo específico sobre a doença.

4. Maior incidência de problemas cardiovasculares

A dificuldade para metabolizar a insulina promove uma série de efeitos em cadeia no organismo. Os hormônios são liberados de forma desregulada e aumenta a concentração de substâncias como o LDL, que é o colesterol prejudicial. Enquanto isso, a produção do bom colesterol (HDL) é reduzida.

Essas e outras alterações aumentam a probabilidade da doença arterial coronariana (DAC). Vários fatores elevam os riscos de desenvolvimento da hipertensão, como a estimulação indevida do Sistema Nervoso Simpático (SNS), dificuldade na circulação e alteração no transporte de eletrólitos. Consequentemente, as chances de ter um infarto aumentam.

5. Risco de esteatose hepática

A resistência à insulina estimula o fígado a reter uma quantidade maior de gordura. Como resultado, a pessoa pode desenvolver um quadro de esteatose hepática, um problema silencioso e sério, que leva à cirrose ou mesmo ao diagnóstico de câncer.

6. Aumento na probabilidade de desenvolvimento do câncer

A síndrome do ovário policístico contribui duplamente para o desenvolvimento do câncer. Em primeiro lugar, ela eleva os níveis de estrogênio no organismo. Dessa forma, o tecido do endométrio cresce de forma anormal (hiperplasia endometrial), podendo levar a um câncer no endométrio.

O risco de câncer não se restringe ao endométrio. A dificuldade para metabolizar a insulina eleva as taxas do fator de crescimento IGF-1 (Insulinlike Growth Factor 1), que contribui para o aumento de tumores. Além disso, por dificultar a perda de peso, a SOP já contribui para o aumento da obesidade, que é um dos principais fatores para o surgimento do câncer.

Como você pode ver, a síndrome dos ovários policísticos é um problema sério, cujas consequências vão muito além dos problemas estéticos que ela provoca. Quer saber como tratá-la? Continue acompanhando nossos conteúdos! Para facilitar, podemos avisá-lo por e-mail ou WhatsApp sobre as nossas publicações da última quinzena.