Até pouco tempo atrás, quando se falava em saúde mental, poucas pessoas imaginariam que o que acontece no intestino tem tudo a ver com as emoções produzidas em nosso cérebro. No entanto, as pesquisas recentes mostram que a influência da microbiota intestinal é extremamente importante, o que faz dela um aspecto-chave para o tratamento eficaz.

Portanto, se você também sofre devido a problemas como depressão, ansiedade, estresse e outros transtornos mentais, continue e leitura deste artigo. Você vai descobrir que talvez o seu tratamento atual esteja negligenciando um dos principais aspectos para a restauração plena da sua saúde. Confira!

O que é a microbiota intestinal?

Nosso organismo é a casa de trilhões de microorganismos. Temos mais bactérias vivendo em nossos órgãos do que células que constituem o corpo. Esses microorganismos são de diferentes tipos e, desde que sejam benéfios e a proporção entre essas populações esteja equilibrada, eles contribuem para uma boa saúde.

Diferentes bactérias, fungos e até mesmo vírus habitam em nosso intestino e em todo o trato gastrointestinal, que são os órgãos do sistema digestivo. Esse conjunto de micro-organismos é chamado de microbiota intestinal.

Nesses órgãos, eles encontram o ambiente ideal para sobreviver. Em troca, geram uma série de benefícios ao organismo. As bactérias contribuem para preservar a integridade da mucosa  do trato gastrointestinal, combatem outros tipos de micro-organismos que causam doenças, produzem nutrientes (como vitaminas), influenciam o metabolismo e o sistema nervoso.

Como a microbiota intestinal influencia a saúde mental?

O que acontece no trato gastrointestinal é tão importante para o funcionamento do cérebro e regulação das emoções que pesquisadores passaram a chamar esse relacionamento de eixo cérebro-intestino. Outros, reconhecendo o quanto os microorganismos são essenciais para nosso bem-estar, falam em eixo-intestino-microbiota-cérebro.

Como já mencionamos em outro artigo sobre o funcionamento do intestino, pelo menos 80% da serotonina do nosso corpo está armazenada no trato gastrointestinal. As bactérias também influenciam a digestão e utilização de outros neurotransmissores extremamente importantes, como a dopamina.

Portanto, percebemos que a produção, digestão e utilização (metabolismo) de substâncias essenciais para a saúde mental depende de processos que acontecem no intestino. Por sua vez, sem o equilíbrio da microbiota intestinal, esses processos não ocorrem da forma como deveriam, contribuindo para o surgimento e agravamento de transtornos.

Como o conhecimento da microbiota afeta a perspectiva para o tratamento de transtornos mentais?

Embora o assunto pareça complexo, na verdade ele traz uma grande esperança para o tratamento da depressão, ansiedade e outros transtornos dessa natureza. Atualmente, a principal forma de combate a essas doenças é a combinação entre medicamentos e terapia.

No entanto, a taxa de sucesso dos antidepressivos que atuam alterando o equilíbrio de neurotransmissores no cérebro é baixa. Apenas 2 em cada 10 indivíduos tratados dessa forma apresentam melhora. Um grupo grande continua sofrendo com a doença, à espera de uma alternativa mais efetiva.

Felizmente, alguns estudos têm mostrado que o cuidado com a microbiota intestinal é uma alternativa efetiva para a busca da saúde mental. Um exemplo é a pesquisa feita pelo Centro de Saúde Mental de Xangai (2).

Nesse estudo, eles chegaram à conclusão de que a regulação da microbiota intestinal, ou seja, ações que promoveram o equilíbrio entre os diferentes tipos de bactérias boas, tiveram um resultado positivo no controle dos sintomas da ansiedade.

Segundo os pesquisadores, os estudos que eles analisaram mostraram dois tipos de intervenções para regular a microbiota intestinal. O primeiro foi a introdução de probióticos e o segundo, mudanças na alimentação dos participantes.

Entre essas duas alternativas, as mudanças na dieta dos indivíduos foi a opção mais efetiva. Houve controle dos sintomas de ansiedade em 80% dos casos abordados dessa maneira. Já nos estudos que usaram alimentos probióticos, os resultados positivos se restringiram a 45% dos casos analisados.

Analisando um conjunto específico de sete estudos, os pesquisadores também notaram que a taxa de eficácia de tratamento dos sintomas de ansiedade por meio da regulação da microbiota intestinal foi de 86%. Esses números mostram que essa abordagem aos problemas de saúde mental é extremamente promissora.

Como melhorar a microbiota intestinal?

Como você viu, as pesquisas sugeriram duas formas de melhorar a microbiota intestinal:  A primeira é a introdução de probióticos, que são bactérias benéficas e que melhoram o funcionamento do organismo. A segunda é a mudança no padrão alimentar.

A introdução de probióticos pode ser feita de duas formas. Existem alimentos que contêm essas bactérias e, quando os ingerimos, a quantidade desses microorganismos no intestino aumenta. Geralmente, eles são fermentados e entre os principais exemplos podemos citar o iogurte, o kefir,  kombucha e outros produtos orientais feitos à base de soja como tempeh, miso, natto e kimchi. Também existe a possibilidade de consumir suplementos probióticos em cápsulas.

A segunda forma de melhorar a microbiota intestinal é por meio da mudança no padrão alimentar. É muito simples: quando consumimos alimentos saudáveis, na sua forma integral e mais natural possível, as bactérias boas também são nutridas. Assim, essas populações crescem em nosso intestino, favorecendo tanto o aspecto físico quanto a saúde mental.

Por outro lado, os alimentos não-saudáveis estão entre os fatores que causam doenças inflamatórias intestinais (DIIs). Pesquisas mostram que o baixo consumo de fibras e a ingestão de açúcar, gordura (especialmente a animal), carnes e ácidos graxos poli-insaturados ômega-6 aumentam o risco do desenvolvimento dessas doenças. (3)

A inflamação no intestino, mesmo que não cause os sintomas típicos de problemas intestinais, têm um impacto direto na saúde mental. Além dos estudos que já mencionamos neste artigo, o estado crônico de inflamação está associado ao desenvolvimento de doenças neuropsiquiátricas, como a própria e tão presente depressão. (4)

Leia também: Depressão e alimentação — descubra se o seu prato favorece ou prejudica sua saúde mental

Destacamos ainda que, além da alimentação, outros hábitos saudáveis contribuem para equilibrar a microbiota intestinal. Alguns exemplos são o consumo de água, a prática de exercícios físicos e a exposição ao sol. A vitamina D ajuda a prevenir doenças inflamatórias intestinais e consequentemente, é um fator de combate à depressão.

Entendeu como a microbiota intestinal afeta a saúde mental? Gostou dessa nova perspectiva para o tratamento de transtornos como ansiedade e depressão? Tem dificuldade para mudar seu padrão alimentar e levar um estilo de vida mais saudável?

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Fontes externas:

(1) Taxa de sucesso do tratamento medicamentoso tradicional

(2) Estudos do Centro de Saúde Mental de Xangai

(3) Alimentação e doenças inflamatórias intestinais (DIIs)

(4) Doenças neuropsiquiátrica, depressão e inflamação crônica