Trata-se de uma questão cultural — oferecer um cafezinho quando uma pessoa chega à sua casa ou escritório é praticamente um critério de educação. Mas será que o consumo desta bebida tão popular realmente faz bem ao organismo? Isso é o que você vai descobrir neste artigo!
Afinal, o café faz bem ou mal?
De tempos em tempos, surgem polêmicas relacionadas ao consumo de café. Enquanto alguns defendem esse hábito e utilizam supostos benefícios para endossá-lo, outros destacam os impactos negativos que ele traz à saúde física e mental.
Por isso, o primeiro passo é entender o que é o café. Trata-se de uma bebida rica em cafeína. Essa substância estimula o organismo, principalmente o sistema nervoso central, promovendo uma sensação momentânea de energia, bem-estar e concentração.
Apenas para entendermos, a cafeína faz parte da “família alcaloide”, juntamente com outras substâncias. Alguns exemplos são:
- teofilina: encontrada em alguns chás;
- teobromina: presente especialmente nas sementes de cacau e, consequentemente, no chocolate;
- nicotina: encontrada no tabaco e produtos feitos com ele, como o cigarro;
- atropina, codeína e tebaína: presentes no ópio.
Talvez você tenha percebido que algumas dessas substâncias são consideradas drogas. Outras, pelo seu uso comum, são vistas como inocentes. Porém, em maior ou menor grau, elas causam determinados efeitos no organismo.
Portanto, a verdade é que todos esses alcaloides — desde a cafeína até a codeína — são drogas. Essas substâncias psicoativas (que atuam e provocam alterações no sistema nervoso central) são capazes de turbinar a nossa energia por um período definido.
Se ela aumenta a nossa energia, isso é bom, certo? Na verdade, não. No próximo tópico, você vai entender o porquê.
Como a cafeína atua no cérebro?
Esse estímulo da cafeína para o cérebro é artificial. Por isso, apesar de aumentar a atenção e energia a princípio, depois o corpo sofre um efeito rebote — o nível de energia se torna ainda mais baixo que antes do consumo.
A médica Abigail Ballone, especialista em Medicina do Estilo de Vida, faz uma comparação interessante para entendermos como a cafeína atua no cérebro. Ela destaca que
“tomar um estimulante quando o corpo e a mente estão precisando de descanso é como tentar que um cavalo ande a chicotadas quando ele está cansado. O animal vai andar, mas chegará um momento em que desmaiará de vez.”
Diante disso, cria-se um círculo vicioso: a pessoa toma cafeína, sua energia aumenta. Assim que passa o efeito, a energia se torna mais baixa que antes do consumo. Para conseguir realizar suas atividades, ela toma outra dose de cafeína. Aos poucos, se torna dependente dessa substância.
Além desse estímulo artificial que esgota o corpo e a mente, a cafeína provoca um vício. O que isso significa? Márcia Lobo Vidoto, PhD em Nutrição, explica como funciona esse mecanismo.
Segundo ela, nosso organismo se acostuma com as substâncias tóxicas que consumimos. Por isso, quando a pessoa para de ingeri-las, mesmo que por apenas algumas horas, ocorre um desajuste metabólico.
Isso acontece porque o corpo tem dois problemas para resolver. Em primeiro lugar, ele sente falta do estímulo ao qual estava acostumado. Por outro lado, ele tenta se livrar do lixo celular que essa substância deixou no organismo ao longo de todo o período de uso continuado.
Então, aparecem os primeiros sinais de abstinência: dor de cabeça, fadiga, alterações do humor, dificuldades de concentração, ansiedade, náusea, sonolência e depressão. Sem cafeína, além do mal-estar, a pessoa simplesmente não funciona.
Por isso, parar de consumir café exige um processo, assim como acontece com qualquer outro vício. É preciso resistir bravamente às primeiras semanas e à síndrome de abstinência para se ver livre e desfrutar dos benefícios de um corpo desintoxicado depois.
Como o café prejudica a saúde física e mental?
Parar o consumo de café pode ser difícil nas primeiras semanas. Porém, manter esse hábito cobra um preço alto, tanto no que se refere à saúde física quanto mental. Veja a seguir alguns dos efeitos dessa bebida no organismo:
1. Prejuízo ao sono
Atualmente, já é difícil manter uma boa rotina de sono. Exposição às luzes artificiais, telas até tarde da noite, hábito de fazer uma refeição farta após o escurecer são alguns dos fatores que contribuem para a manifestação da insônia.
Nesse contexto, a cafeína chega para completar os fatores que provocam a insônia. Ela excita o organismo e afeta o ritmo circadiano. No cérebro, ela anula o efeito de receptores cerebrais que facilitam o sono.
Mais uma vez, a PhD em Nutrição Márcia Vidoto destaca o tempo pelo qual a cafeína age no organismo. Segundo ela, leva 6 horas para que a cafeína consumida em uma xícara de café seja reduzida à metade em nosso corpo. Assim, ao tomar uma xícara às 18 horas, metade dessa quantidade estará ativa à meia-noite e 25% às 6 horas da manhã.
Já sabemos que a insônia traz uma série de impactos negativos para a saúde física e mental. Portanto, quem quer evitar esse problema, precisa entender a necessidade de abandonar o consumo de café.
2. Aumento do estresse
A cafeína é uma substância que interfere na liberação ou na inibição de várias outras. Entre os hormônios que ela estimula, estão os estressores, como o cortisol. O resultado é que a pessoa se torna muito mais suscetível à irritabilidade e tensões. Então, sabe aquele cafezinho que as pessoas tomam para suportar o que não gostam em seu trabalho? Na verdade, ele piora a situação e aumenta o nível de estresse.
3. Redução no fluxo cerebral
As pessoas tomam café para se sentirem mais dispostas para o trabalho, certo? No entanto, essa condição de alerta não significa, necessariamente, um aumento da produtividade.
Estudos mostram que a cafeína provoca a constrição dos vasos sanguíneos. Dessa forma, ela reduz o fluxo de sangue no cérebro em 27%. Isso significa que, apesar do nível de atividade, pode ser mais difícil obter o resultado desejado, tanto no que se refere à quantidade quanto à qualidade nas tarefas realizadas.
4. Aumento da pressão arterial
Mais uma vez, o problema é a constrição dos vasos sanguíneos. Como a cafeína torna esses vasos mais estreitos, ela contribui para o aumento da pressão arterial. O coração tem seus batimentos acelerados e o corpo passa a liberar mais adrenalina.
5. Aumento do colesterol
Embora a cafeína seja a substância mais conhecida, o café possui também outros elementos, como o cafestol e o kahweol. Elas estão relacionadas ao aumento do colesterol e triglicérides, e mais especificamente do LDL, que é o colesterol ruim.
Como já explicamos em outro artigo, esse tipo de gordura se acumula nas artérias, podendo obstruir os vasos sanguíneos e causar infartos e AVCs.
Quando existe um hábito arraigado, é bastante comum as pessoas racionalizarem seu consumo. Diante disso, surgem argumentos que minimizam os impactos negativos à saúde.
Fatos são fatos. É importante entender que as pessoas têm o direito de escolher, mas que prejuízos que o café causa à saúde física e mental são comprovados por uma série de estudos.
Portanto, mais uma vez destacamos: é uma escolha pessoal. Cada um define sua prioridade, seja ela manter o prazer de um hábito que traz prejuízos ao corpo e à mente ou adotar um estilo de vida capaz de proporcionar plena saúde física e mental.
E você, sofre com os efeitos da insônia? Quer entender como a falta de uma boa noite de sono afeta seu organismo? Clique no banner abaixo e confira nosso artigo completo sobre esse tema!
Além dos artigos linkados ao longo do texto, o livro Saúde Nua e Crua, da PhD em Nutrição Márcia Lobo Vidoto, também foi utilizado na elaboração do artigo:
Vidoto, ML. 2018. Saúde nua e crua – alimentos na prevenção e cura de doenças, peso ideal e qualidade de vida. São Paulo, SP. Bio Editora.
Bom eu consumo muito essa bebida dê uns tempo pra cá estou sentindo que está me fazendo mau sinto muito agitado quando tomo café já tentei parar mais ainda não consegui.